Raquel Nava, pinturas e capivaras
Esta edição do BSB Plano das Artes encontrou Raquel Nava em pleno labor. Ela tem trabalhado dobrado por conta de duas exposições que vai montar em setembro na cidade de São Paulo.
Raquel participa da coletiva que reúne os 30 finalistas do Prêmio Marcantônio Vilaça, uma das mais importantes premiações para a arte contemporânea brasileira. A exibição será na Fundação Armando Alvares Penteado. Logo na sequência, Raquel tem sua primeira individual na capital paulista, a ser aberta no Centro Cultural São Paulo.
De modo que, no ateliê da artista, na Babilônia Norte, tudo tem acontecido ao mesmo tempo. Seus trabalhos recentes em taxidermia estão se desdobrando – literalmente – tal uma capivara partida em duas – em objetos, esculturas e instalações. E Raquel também tem pintado um bocado, retomando com força essa linguagem depois de dois ou três anos mais voltados a explorar a taxidermia.
O incentivo para as pinturas, conta Raquel, partiu de Marcus de Lontra Costa, um dos curadores desta edição do Marcantônio Vilaça. Ele apontou a ela que seria muito oportuno, no contexto da premiação, que Raquel apresentasse também alguma pintura na coletiva de finalistas. Assim fica mais clara a trajetória da artista que, partindo de suportes bidimensionais, chega às três dimensões.
Os quadros de Raquel Nava percorrem a extensão de seu ateliê. Para pintá-los, muitas vezes a artista deita as telas sobre o chão, no meio da sala, aplicando neles uma primeira camada de tinta esmalte. Depois ela vai paulatinamente levantando, angulando o suporte, imprimindo ondas de movimento nas camadas de tintas. Em seguida, com a tela mais verticalizada, apoiada na parede, ela trabalha pontualmente texturas e colagens, buscando também outras cores para a composição. Depois, quando já não sabe mais como continuar, mas ainda não está segura de ter terminado, deixa que o quadro descanse, pelo menos por uns dias, num dos cantos da sala, atrás da porta.
E muitas vezes os processos se confundem, os materiais se confundem. Neste momento, por exemplo, Raquel Nava tem usado como textura para a superfície dos quadros o mesmo poliuretano que está no interior de seus bichinhos taxidermizados. Como aquela capivara partida em duas.
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