Anni, de Canberra a Brasília

Anni, de Canberra a Brasília

divider2

Texto e imagens de Bernardo Scartezini

Christus Nóbrega esteve na Austrália para seguir as pegadas de Priscilla, a Rainha do Deserto. E agora sua amiga australiana Anni Doyle Wawrzynczak está em Brasília, bem em tempo de seguir as rotas do BSB Plano das Artes. A sua intenção é aproximar artistas de ambas as cidades – com um par de exposições.

Anni foi interlocutora muito próxima para Christus na recente temporada australiana do artista brasiliense, agora no início deste 2019. Ela já tinha interesse por Brasil e por Brasília, algo que se acentuou nesse contato.

Christus conta que Anni cumpriu doutorado na Universidade Nacional da Austrália, numa linha de pesquisa em que buscava na própria história da arte australiana os paradigmas, os antecedentes e os lugares de uma arte contemporânea para além da tradição eurocêntrica. Nessa pesquisa, Anni acabou se detendo na ideia da criação da cidade de Canberra, capital administrativa australiana. Uma cidade planejada, erguida a partir do zero para ser a capital do país. Assim como Brasília.

E agora Anni está conhecendo a Brasília real – para além da Brasília utópica sobre a qual ela já tinha estudado. Ela chegou à cidade, há um par de semanas, para tocar um projeto de curadoria colaborativa internacional, surgido nas conversas com Christus em Canberra. 

A ideia é uma exibição de mão dupla a ser realizada em 2020: uma coletiva de arte brasiliense em Canberra e uma coletiva de arte australiana por aqui. Numa curadoria cruzada entre Anni e Cinara Barbosa, idealizadora do BSB Plano das Artes e curadora da mostra Labirinto (que levou Christus à Australia). Cinara escolhendo os artistas australianos. Anni, os brasilienses.

Anni Doyle Wawrzynczak, ciceroneada por Christus, já visitou o Instituto de Artes da Universidade de Brasília. Também esteve na Referência Galeria de Arte, na manhã de sábado, para ouvir o amigo falar sobre o desenvolvimento de seus trabalhos na residência australiana. 

E ela subiu nas vans do BSB Plano das Artes para uma pesquisa de campo, entre ateliês e espaços independentes. Cruzando o Distrito Federal na rota vermelha, Anni pôde visitar Raquel Nava na Babilônia Norte e João Angelini em Planaltina, entre outras paradas. Anni conta que já está com uma ideia em formação sobre isso tudo que ela viu.

“Há uma tendência à uma suavidade”, ela diz, tentando estabelecer um vínculo entre as diferentes expressões e linguagens que tem encontrado na cidade. “Um artista daqui não pinta simplesmente uma árvore. Há todo um conceito por trás desse gesto, uma conceitualização anterior que termina por levar a essa árvore. E então, num segundo momento, entra essa ambientação política, tão própria da cidade.” 

Voltando à Canberra, Anni Doyle Wawrzynczak vai organizar os pensamentos – que neste momento estão a fermentar “no fundo da minha mente” – e entender a melhor forma que essa mostra internacional pode tomar.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *